UBERABA OU UBERLÂNDIA?
Um dia um senhor de Uberaba foi ao médico e o doutor, meio apressado, foi logo tentando estabelecer o diagnóstico: “Seu José, o que você tem?”. Pensando um pouco, o senhor respondeu: “Ah dotô, eu tenho umas duzentas vacas e uns vinte arqueire de terra”. O médico, já meio impaciente, retrucou: “Não, Seu José, quero saber o que você sente". Desta vez, o senhor não pestanejou: “Ah dotô, eu sinto uma vontade danada de vendê tudo e mudá pra Berlândia”
_____ anedota uberlandense
Certamente, quase todo cidadão de Uberlândia já foi indagado, em alguma parte do Brasil, sobre como vai a sua vida em Uberaba. O que nem todos os brasileiros sabem é que este é um dos casos mais emblemáticos de rivalidade do interior do Brasil, que ultrapassa questões puramente bairristas, nas quais o enfrentamento de políticos e empresários destas cidades moldaram durante o último século, dois dos principais centros urbanos de Minas Gerais.
O primeiro homem de origem europeia a pisar na região do atual município de Uberlândia, território até então habitado pelos índios caiapós e bororós, foi o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, em 1632. A região, então pertencente à Capitania de São Vicente, passou a pertencer à Capitania de Minas Gerais e São Paulo, por carta régia de 1709. Mais de um século depois, por volta de 1818, a fazenda São Francisco se tornou sede da Sesmaria de João Pereira da Rocha, o primeiro a fixar residência. Poucos anos depois, outras famílias se deslocaram para cá, motivadas pela concessão das sesmarias e, em 1835, seus habitantes pediram permissão ao bispado para a construção de uma capela curada, a ser dedicada à Nossa Senhora do Carmo. Esta foi projetada pelo sesmeiro Felisberto Alves Carrejo e construída em adobe e barro. Suas imediações deram origem ao curato São Pedro de Uberabinha, sendo elevado a distrito de Uberaba em 1852, emancipando-se como Uberabinha, por volta em 1891. Após a emancipação, houve um grande crescimento da área urbana da cidade, o que motivou críticas e desavenças entre os políticos dos dois municípios. Após diversas alterações na subdivisão distrital, Uberabinha recebeu o nome de Uberlândia, em 1929 (do latim, ubere: fértil; do inglês, land: terra).
Dentre as diversas polêmicas ao longo do século XX, a criação das faculdades de ensino esteve entre as mais marcantes. Na década de 1950, Uberaba era considerada o centro cultural do Triângulo e a atuação do deputado Mário Palmério acirrou os ânimos nas duas câmaras de vereadores da época:
Uberaba, indiscutivelmente, é cidade que possui o maior número de escolas superiores no Triângulo Mineiro, pelo fato de as outras cidades não possuírem nenhuma.
Com certeza os uberlandenses estão lembrados de um moço simpático, bem falante, acessível que há uns 3 ou 4 anos andou por aqui. Pois este moço que nos prometeu faculdade de medicina em praça pública é o mesmo que a obteve para nossa vizinha e centenária Uberaba. Seu nome é Mário Palmério. Que ninguém esqueça dele.
Muitas também foram as críticas quando o presidente do centro acadêmico da Faculdade de Direito de Uberaba, Antônio Edson Deroma foi à Belo Horizonte ajudar a instalação de uma faculdade de direito em Uberlândia, o que foi discutido em textos dos jornais da época:
(...) contra a criação de mais escolas de Direito, pois já temos quatro faculdades em funcionamento, sendo duas em Belo Horizonte, uma em Juiz de Fora e outra em Uberaba.
(...) quando a nossa casa é boa de fato, não nos importa a casa do vizinho ao lado, mesmo parede e meia. Quanto mais a casa do vizinho do outro quarteirão.
Talvez um dos raros momentos de trégua nesta rivalidade seja uma das grandes reivindicações da região: a separação do Triângulo do Estado de Minas Gerais. Sempre houve união e consenso entre uberabenses e uberlandenses sobre constituir-se como um estado independente. Bem, pelo menos até que alguém se atreva a perguntar: onde seria a capital?
Talvez possamos perguntar ao atual prefeito de Uberlândia que é de Uberaba ;)
#NosVemosEmUDI
O município de uberlândia pertenceu a Uberaba até a última década do século XIX e se chamou Uberabinha até 1929.